terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Cada vez mais obstáculos

Semana passada, li uma notícia triste na internet. O Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Estádio do Ibirapuera, este ano, não vai ser a sede do Troféu Brasil - a maior e mais importante competição de atletismo no Brasil. Caberá ao Engenhão, no Rio de Janeiro, receber os atletas de ponta.

Segundo informações de uma matéria publicada na UOL, o piso emborrachado solto e o mato alto são exemplos da falta de manutenção no local e de uma administração adequada para o treinamento do esporte. A pista dividia até mesmo espaço com uma escolinha de futebol. Apesar disso, muitos atletas buscam o conjunto para se exercitar, superando literalmente os obstáculos.

O diretor do complexo, Eduardo Anastasi, afirmou na entrevista ao portal que está prevista uma reforma na pista, mas sem prioridade ao atletismo. Isso porque, segundo ele, a escolinha de futebol integra 120 alunos.

Não é de hoje que outros esportes sejam tratados com menos relevância que o futebol. De que adianta cantar o hino nacional e exaltar a bandeira do Brasil quando um atleta profissional ganha uma medalha olímpica, lembrando a Maurren Maggi que levou o ouro no salto em distância nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, quando não se investe de forma adequada?

A pista do Ibirapuera não está isolada no rol de locais precários para os treinos de atletismo. Entre as décadas de 70 e meados dos anos 90, Cubatão revelou atletas de ponta e exportou diversos jovens a competições importantes mundo afora, ainda que considerada 'o Vale da Morte' devido à forte poluição do Pólo Industrial. A falta de investimentos e patrocínios os impediram de seguir adiante.

Pode sim estar acontecendo a mesma situação em São Paulo e em diversos outros lugares. A mídia, também tem sua parcela de culpa, uma vez que não arrisca a transmissão de competições diferenciadas em esportes menos populares. Mas para assistir a um atleta chorar no lugar mais alto do pódio e na competição mais importante do mundo é preciso investir agora com infraestrutura de ponta e materiais e uniformes adequados. Ou, simplesmente, boa vontade de gerar novos e potenciais atletas.