segunda-feira, 2 de junho de 2008

Hematófagos em ação

Em tempos de tecnologia avançada, discussões sobre células-tronco e uma possível clonagem de seres humanos, temos a audácia de sermos vítimas de um pequeno inseto causador de mortes e doenças em várias regiões no Brasil: o Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela.
O Rio de Janeiro, Amazonas, Rondônia, Pará, Rio Grande do Norte e Bahia permanecem em estado de alerta por causa dos riscos de epidemia de dengue e no meio desta semana, foi confirmada a morte de um jovem com apenas 18 anos, vítima do inseto em Praia Grande, região da baixada santista, no litoral de São Paulo.

A proliferação impulsionou até mesmo a produção de repelentes. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de inseticidas domésticos cresceu pouco mais de 170% em fevereiro com relação ao mesmo período de 2007. No Rio de Janeiro, médicos do Rio Grande do Sul foram solicitados pelo secretario estadual de saúde, Sérgio Cortês. A situação levou o próprio governador do Rio de Janeiro a estudar a possibilidade de aproximar médicos cubanos a fim de controlar a epidemia.

As mães que choram a perda de seus filhos, já assustadas com a violência nas ruas e as cenas de maus tratos de babás incontroladas país afora, agora temem a morte de seus entes queridos por conta de hematófagos indefesos e a sua proliferação ainda não controlada. Jornais e cartazes publicitários estampam nas ruas as campanhas contra a dengue, inutilmente.

Isso porque duas realidades chamam a atenção. Primeiro, onde está a consciência humana para não permitir a procriação do mosquito-da-dengue? Não deixar objetos, calhas, garrafas, pneus acumularem água, deixando os recipientes limpos e tampados integram a lista de medidas simples, eficazes e ao alcance de todos para acabar com o inseto.

A ação deve ser coletiva, pois o problema precisa ser tratado de maneira séria e em conjunto com o vizinho. Casas e terrenos baldios abandonados ou fechados há muito tempo também são alvo poderosos do bichinho. Por isso, nada melhor que ligar para órgãos competentes da saúde ou do governo, que tem ou devem ter a consciência de que o problema precisa ser resolvido o quanto antes.

Em segundo, os órgãos públicos, principalmente as prefeituras, devem se atentar em ampliar a fiscalização nesses tipos de ambientes, favoráveis ao Aedes aegypti; intensificar as campanhas contra a doença explicando formas de contaminação, conseqüências e prevenção; além de capacitar agentes de saúde, para que estejam aptos a lidar com as situações corriqueiras e graves como o problema da dengue, entre outras medidas.

Em ano eleitoral, prefeitos e vereadores podem seguir o modelo federal e distribuir benefícios como programa bolsa-família, bolsa escola, bolsa moradia e o vale-gás e ainda propor, como disse o leitor de um jornal de grande circulação na internet, uma bolsa-mosquito para as famílias. Mas quantos repelentes cada membro terá o direito de receber?